DA SINGULARIDADE À UNIVERSALIDADE NA PRÁTICA DOCENTE: NATUREZA E SIGNIFICADO DA IDENTIDADE INSTITUCIONAL COLETIVA

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Luzia Alves de Carvalho

Resumo

Da Singularidade à Universalidade na prática docente: natureza e significado da identidade institucional coletiva, retrata uma pesquisa realizada no Centro Educacional N.S. Auxiliadora – CENSA, em Campos dos Goytacazes/RJ. Teve como objetivo analisar e explicitar o processo que constituiu e mantém a identidade institucional coletiva de sua equipe de professoras da Educação Infantil e das Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Considerando que o objeto de estudo é uma realidade complexa, dinâmica, multifatorial priorizei a metodologia qualitativa, por ser mais adequada à observação, registro e análise de interações interpessoais e intersistêmicas. Como instrumento para viabilizar esta pesquisa, utilizei o programa QualiQuantSoft, que possibilitou a construção dos Discursos dos Sujeitos Coletivos (DSC), a partir das falas de diferentes entrevistados reunidos em grupo focal - professoras atuais e da década de 70, coordenadoras pedagógicas, mães e/ou avós de alunos e grupo de juízes (pessoas neutras). Esses Discursos organizados em categorias ou operadores se constituíram em posicionamentos sobre o tema em questão. Elaborados e agrupados em rubricas digitais e operadores analógicos, os DSC tornaram-se representações icônicas do pensamento coletivo. A partir desses Discursos como “soma qualitativa”, foi-me possível analisar o processo constitutivo da identidade institucional coletiva do grupo de professoras, objeto da pesquisa e captar a riqueza heurística de suas vivências profissionais cotidianas. A tese aponta fortes indicadores de que, apesar da visão um tanto caótica da formação de professores na América Latina e no Brasil, reflexo de um mundo fragmentado, individualista, no qual o risco ameaça a vida, a utopia continua a alimentar o sonho de uma “comunidade de sentido”, que a própria escola pode sinalizar. Escola, entendida como nicho ecológico, na qual as identidades se constituem individual e coletivamente, pela tipificação de crenças, valores, princípios – frutos de utopia, carisma e missão. A dimensão utópica da formação da equipe de professoras da escola se expressa nas identidades docentes com forte sentido de pertença, identificadas coletivamente, unificadas mas não uniformes, originais, criativas, em devir contínuo. O utópico, na formação de professores, é visto, na tese, como realidade aberta para o mundo, algo que ultrapassa o curso natural dos acontecimentos, possibilidade objetiva. É a “arquitetura da esperança” realizando-se nas pessoas e com as pessoas, que viabilizam sonhos urdidos na cotidianidade do real. Ficou evidenciado na pesquisa, que há no CENSA, o que denominei de "sonho-utopia": comunidade educativa que procura ir além dos próprios limites, buscando ultrapassar dicotomias como singular-universal, parte-todo, eu-nós, indivíduo-sociedade, em seu processo de formação de professores. Dessa forma, o pólo heurístico, em relação ao qual o processo de constituição da identidade institucional coletiva da equipe de professoras foi analisado, está além das pessoas individualizadas; situa-se no processo mesmo da formação docente. Não prescindindo dele, mas justamente a partir dele, teoriza uma prática singular, evidencia a universalidade de um processo social e extrai de sua facticidade objetiva o significado subjetivo da experiência vivida pela comunidade docente na construção de sua identidade institucional coletiva.
Palavras-chave: sonho-utopia; formação de professores; profissão docente; identidade institucional coletiva; singularidade; universalidade.

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