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Resumo
Este trabalho é resultado parcial da pesquisa de dissertação que analisa o papel da Universidade (sobretudo a pública), no novo modo de produção de conhecimento, onde tais instituições estão cada vez mais interligadas
às empresas privadas e ao governo através de parcerias, muitas delas de captação de recursos. Assim, o objetivo do trabalho é provocar uma reflexão acerca da mercantilização da ciência no mundo acadêmico e as
consequências deste fenômeno. A metodologia utilizada é bibliográfica, seguida por uma análise comparativa dos conceitos utilizados pelos principais autores Ziman (2000), Gibbons (1994), Etzkowitz (2013), Radder (2010) e Velho (1996) que trabalham com o novo modo de produção, interação universidadeempresa-governo e mercantilização da ciência. Além disso, para alguns desses autores, as principais consequências da interação, tanto para a produção de conhecimento, quanto para o modelo e papel da Universidade. Para Ziman, o novo modo de produção, por ele chamado de “ciência pós-acadêmica” (Ziman, 2000, p. 66) vive uma fase de transformação, onde, o cientista sofre transformações em suas práticas de trabalho, em níveis sociológicos e epistêmicos, agora com atributos de gerente, precisando conquistar empresas e persuadir a sociedade sobre a importância da pesquisa, pois existe muito dinheiro em jogo. Contudo, na busca por auxílio financeiro às pesquisas demonstra que as universidades estão sofrendo um “processo de privatização indireta” (SABIA, 2009, p. 152), muitas vezes priorizando o dinheiro em detrimento do conhecimento. Autores ainda advertem sobre a apropriação privada dos conhecimentos gerados com recursos públicos e destacam que a produção acadêmica da Universidade deve ser tratada como patrimônio universal, o qual traz benefícios para toda a humanidade, entretanto, as decorrências de pesquisas patrocinadas por empresas “terão sua propriedade, ou pelo menos o uso de seus resultados, restritos para fins comerciais de natureza privada” (VELHO, 1996, p. 126), mesmo tendo utilizado os recursos (físicos, financeiros e intelectuais) pagos por toda a sociedade. A partir das críticas levantadas, por diversos autores, sobre esta nova interação entre Universidade Pública e indústria, faz-se necessário refletir e discutir se a
Universidade deve estar a serviço do capital privado da indústria, bem como pensar o tipo de formação pretendida por tal modelo. Neste sentido, colocam-se as questões: será que as Universidades públicas devem
pensar em formar profissionais apenas no mercado de trabalho ou devem permanecer sendo um local de produção de conhecimento e formação de pessoas com senso crítico e capazes de gerar a mudança que nosso
país precisa? Deve a Universidade produzir um conhecimento meramente instrumental, ou manter a sua capacidade de pensar diversos problemas complexos que envolvem um conhecimento interdisciplinar e de domínio público? Assim, é indispensável a discussão sobre o papel social da Universidade.
Palavras Chave: universidade, mercantilização da ciência, produção de conhecimento
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