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Resumo

Custodópolis é um bairro da cidade de Campos dos Goytacazes/RJ estigmatizado por localizar-se do outro lado do Rio Paraíba do Sul. Ocupado por uma população vulnerável ante a pobreza em suas dimensões econômicas, de capital social, capital humano, de proteção e de habitat (BUSSO, 2002, p.12). Estas dimensões conjugadas marcam o bairro de sua origem aos dias atuais. O objetivo é resgatar esse percurso,
pela via habitacional e de entorno, nas condições de vulnerabilidade e risco socioambiental. Para o alcance desse objetivo utilizou-se os recursos metodológicos de Observação Direta (com registro em diário de campo
e uso de fotografia), Fonte Documental e Entrevistas Semiestruturadas (com antigos e atuais moradores). Os resultados apontaram para trajetória de precarizações. Sobre a origem do bairro não há precisão, mas na
memória de antigos moradores, se remete as décadas de vinte ou trinta do século passado. O lugar foi pouco a pouco sendo ocupado por cortadores de cana, que o transformaram em ponto de encontro na espera de caminhões que os levassem para as lavouras da região. Para atendimento a essa demanda foi montada uma vendinha e aos poucos tais trabalhadores se apropriaram do território e improvisaram suas casas no meio do mato com materiais como barro, bambu, folhas de palmeira ou sapé. Na falta de telha usavam palha. Vista do alto parecia uma “Cidade de Palha”, denominação antiga do local. No seu entorno havia brejo e lagoa que cederam espaço para canaviais. Não havia ruas, mas trilhas. Nem luz só lamparina. A água era de cacimba, os muros de gaiolinhas (tipo de planta), as camas de pau, os fogões a lenha. O proprietário das terras era um médico e político chamado Custódio Siqueira que as transformou em lotes para venda e, em sua homenagem,
o bairro passou a ser chamado Custodópolis. Na travessia do rural-urbano o bairro experimentou melhorias, através da oferta pública de iluminação, água, coleta de lixo, calçamento, transporte coletivo. Ainda que não conte com alguns elementos essenciais da cidade, como saneamento. A maioria dos atuais moradores utiliza fossa séptica, que em ocasião de chuvas e da falta de escoamento transbordam, além do alagamento das ruas
agravado pelo lixo que se espalha. A maioria faz uso de água tratada para beber. Os telhados que eram de palha, hoje são em geral, de amianto, o piso antes de terra batida deu lugar a piso ou cacos cerâmicos, o
banheiro antes no quintal passou a ser dentro de casa. Nos quintais é comum a presença de animais domésticos misturados a entulhos e lixo. Ainda que com metros quadrados insuficientes, em termos de
habitabilidade, as casas possuem atualmente de três a cinco cômodos e abrigam uma média de três a cinco pessoas. O fogão a lenha foi substituído pelo fogão a gás e, as camas, antes de pau por camas com colchão. A maioria das casas carece de reformas por motivos de rachaduras, goteiras, infiltrações, instalação elétrica
exposta, falta de luminosidade, temperatura e ventilação. As casas não possuem condições de ambiência e habitabilidade para aqueles que sempre moraram no bairro ou até mesmo chegaram depois, representando o mesmo percentual. Trata-se hoje de moradores que se veem impossibilitados de realizar melhorias em suas habitações, mesmo sendo próprias ou cedidas por parentes. Com baixa escolaridade, as mulheres em sua maioria, atuam na área da serventia doméstica e, os homens prioritariamente, em atividades na construção civil. Foi possível concluir, que o traçado das condições habitacionais e de entorno na trajetória do bairro, revela a conjugação das dimensões sociais e ambientais das vulnerabilidades. Verificou-se que habitação e entorno são um dos principais mediadores e sinalizadores de diferenças sociais, além de sua interação com situações de risco e degradação ambiental. Apesar de melhorias, as condições de urbanidade do bairro e das habitações se apresentam ainda pouco desenvolvidas em relação às possibilidades da cidade.


Palavras Chave: habitação, entorno, bairro vulnerável

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Como Citar
AZEREDO, V. (2015). HABITAÇÃO E ENTORNO NA TRAJETÓRIA DO BAIRRO DE CUSTODÓPOLIS. umanas ociais ∓ plicadas, 5(14). https://doi.org/10.25242/88765142015848