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Resumo

O brincar é fundamental para a constituição subjetiva, pois fornece à criança base para separar seu eu do mundo exterior e lidar com as angústias por este geradas, favorecendo a aquisição da linguagem, dos movimentos do corpo, dos processos cognitivos e da socialização. Contudo, as transformações tecnológicas e a popularização de computadores, dos smartphones e tablets mudaram drasticamente a relação das crianças com o lúdico. Esta pesquisa tem como objetivo analisar os sentidos atribuídos por pais sobre o brincar e as telas na educação de seus filhos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória, realizada a partir de entrevistas semiestruturadas com 05 pais com filhos na faixa etária de até 5 anos. As informações obtidas foram analisadas a partir da Análise de Conteúdo, derivando duas categorias analíticas: “O sentido atribuído ao brincar na relação pais e filhos” e “Pais e filhos entre as telas”. A análise permitiu compreender que o brincar é considerado como fundamental para a constituição biopsicossocial dos filhos, contudo, percebe-se uma diluição do fazer lúdico nas rotinas dos cuidadores, sintomático dos tempos contemporâneos. No que tange o uso das telas, os sentidos atribuídos são ambíguos e contraditórios. Ressaltam-se aspectos ora positivos, ora negativos. Os entrevistados relatam que suas funções em relação à parentalidade são colocadas em xeque a todo momento, e se veem perdidos e deslocados frente aos imperativos sociais, culturais, e tecnológicos.

Palavras-chave

Brincar Tecnologia Parentalidade Psicanálise

Detalhes do artigo

Como Citar
Vilas Boas, J., & Wittitz, M. . (2024). O Brincar e as telas no contexto familiar contemporâneo. umanas ociais ∓ plicadas, 13(41), 1–18. https://doi.org/10.25242/8876134120232619

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