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Resumo
A violência contra mulher é um problema de saúde pública, violação dos direitos humanos e traz diversos custos, econômicos e sociais, à sociedade. A forma mais extrema de violência contra mulher é o assassinato baseado em gênero, conhecido como feminicídio. Em função dos referidos custos e a fim de auxiliar na formulação de políticas públicas que diminuam sua ocorrência, o objetivo deste trabalho é analisar os determinantes socioeconômicos dos feminicídios no Brasil no período 2001-2015. Para tal, foi utilizado um modelo econométrico com dados em painel dinâmico, estimado por meio do Método dos Momentos Generalizados do Sistema (GMM-SYS) e foram incluídas variáveis que relacionassem aspectos socioeconômicos e demográficos das mulheres com a ocorrência desse tipo de crime em dada localidade, através de dados do Sistema de Informações de Mortalidade e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2001 a 2015. Os resultados demonstraram que o menor nível de renda e o maior nível de desemprego afetam positivamente os feminicídios no Brasil, corroborando a hipótese que a desorganização social induz o comportamento criminoso dos indivíduos, inclusive em crimes de violência contra mulher.
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