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Resumo
Imersos num contexto social, onde as pessoas são capturadas por modos de agir, pensar e sentir, os sujeitos sempre se vêem convidados a dialogar com essas formas de modelação. As crenças e valores que fazem parte da vida quando não são refletidos, propiciam pensamentos e comportamentos que inferiorizam o outro de forma a reduzir o indivíduo a deficiência que ele possui. Todos os outros aspectos que compõem a vida do sujeito deficiente, ficam subsumidos diante do discurso fundado na ignorância, que com sua eficácia, produz uma percepção de que não há nada para saber sobre a pessoa, despotencializando-a e incapacitando-a, ao ponto de produzir falas e ações desrespeitosas com o estigmatizado. A pesquisa teve como objetivos: a) compreender como os discursos sobre deficiência, gênero e estigma dialogam entre si e promovem modos de ser no mundo; b) investigar como os discursos fundamentam a forma como os sujeitos compreendem o seu mundo e como vêem a estigmatização sofrida; c) compreender como as relações de casais onde um é deficiente, ou os dois são, se configuram, a partir d processo de estigmatização. A metodologia foi qualitativa, com o uso do método fenomenológico, pois permite que o sujeito coloque a sua experiência a partir do vivido por ele, bem como a cartografia, uma vez que implica o pesquisador, de forma que o pesquisado e o seu meio são produtores de fala, tudo é importante para ser observado. Utilizou-se entrevistas semi-abertas, bem como revisão sistemática da literatura. A pesquisa demonstrou que mesmo com o sofrimento dos danos psicossociais que a estigmatização promove, o que se apresenta é um comportamento normativo, pois, apesar das normas segregadoras instituídas, num modelo cultural formatador que todos estão imersos, os casais, sendo os dois deficientes ou apenas um, vão criando as suas próprias normas vivenciais. O campo possibilitou observar como o estigma captura os sujeitos, a ponto de muitos manifestarem estranhamento e até achar anti-natural o relacionamento de uma mulher normal com um homem deficiente. A esposa do casal Mendes relatou que: “Primeiro tem aquele tipo de pessoa e olha e acha que não é possível. Depois, tem aquelas pessoas que olham e diz que não vai durar”. É vai durar o que? Um ano?!
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