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Resumo
O número de repetições executadas no treinamento de força com base no percentual de 1-RM (1 Repetição Máxima) ou nas 10-RMs (10 Repetições Máximas) tem sido discutido em vários trabalhos, uma vez que fatores tais como o tamanho do grupamento muscular envolvido e membro utilizado, podem influenciar na capacidade de executar RMs em um determinado exercício. Outro fator que pode afetar o número de RMs executadas a partir de um percentual de 1-RM ou 10-RMs é o intervalo empregado entre as séries. Esta variável do treinamento de força pode influenciar diretamente o estresse gerado pelo treino e o total de carga levantada. De fato, todos estes achados estão bem descritos na literatura, o que ainda não foi visto é se o intervalo estabelecido entre as séries pode influenciar na mesma magnitude a velocidade média de execução das RMs. Avaliar se o intervalo de 2 minutos influencia negativamente na execução das RMs e na velocidade média entre as séries. Participaram n=4 voluntários do gênero masculino com idade; 27±10.3 anos e massa corporal; 80.3±10.7 kg, todos praticantes no treinamento de força. Os procedimentos que constituíam o presente estudo foram realizados ao longo de 2 dias distintos para cada voluntário com intervalo de 48 horas entre as sessões. Inicialmente foi realizado teste de 10-RMs no supino horizontal na barra guiada (Smith), em que a movimentação foi padronizada da seguinte forma: o exercício foi realizado na fase excêntrica, uma flexão dos cotovelos até a barra tocar no ponto meso esternal e, na fase concêntrica, a extensão total dos cotovelos. Os voluntários foram orientados a comparecerem ao local da coleta, 30 minutos antes do inicio do teste, para receber instruções padrão sobre a técnica de execução. No segundo dia, os voluntários realizaram um aquecimento com 10 RMs com uma carga à 10% de 10-RMs. Logo após, os voluntários realizaram 4 séries com RMs até a falha concêntrica na maior velocidade possível, utilizando uma carga à 60% de 10-RMs avaliadas no 1o dia. Para avaliação do número de RMs executadas e da velocidade média foi utilizada uma câmera Casio Exilim FH-20 (Casio, Tóquio, Japão) usando para gravação 210 frames por segundos, colocada a 109 cm de altura e uma distância de 200 cm da barra guiada alinhada perpendicularmente em relação ao plano sagital. Posteriormente as imagens foram analisadas pelo software (Kinovea 0.8.23), extraindo as medidas cinemáticas como; a velocidade média e as RMs executadas. Para análise da velocidade média foi utilizada a área sob a curva entre o tempo máximo de execução das RMs até a falha concêntrica e a velocidade média alcançada pelos voluntários nas 4 séries. Os dados foram exibidos como média ± desvio-padrão e o teste inferencial ANOVA one way com teste post hoc de Bonferroni foram aplicados (p<0.05). Houve uma diferença significativa (p<0.05) no número de RMs executadas da 1a série (28±5.0 RMs) comparada a 2a série (15.7±3.3 RMs), 3a série (11.2±3.4 RMs) e 4a série (9.5±2.6 RMs). Foi observada uma diferença significativa (p<0.05) entre a 2a série (15.7±3.3 RMs) e a 4a série (9.5±2.6 RMs). Já na velocidade média houve uma diferença significativa (p<0.05) na área sob a curva das RMs executadas da 1a série (30.3±9.01 m/s.s) comparada a 2a série (14.5±4.3 m/s.s), 3a série (9.1±3.3 m/s.s) e 4a série (7.4±2.5 m/s.s). Também foi observada uma diferença significativa entre a 2a série (14.5±4.3 m/s.s) e 4a série (7.4±2.5 m/s.s). Conclui-se que o uso do intervalo de descanso de 2 minutos entre as séries induziu uma redução no número de RMs executadas nas séries posteriores. Esta tendência se repetiu quando a variável cinemática (velocidade média) foi avaliada. A aplicabilidade prática do presente estudo evidencia que o intervalo é uma importante variável do treinamento de força e exerce uma função importante na fadiga muscular, e consequentemente no desempenho das séries posteriores que poderá afetar tanto o volume de treinamento quanto a velocidade média de execução das RMs. Por essa razão, faz-se necessário sua adequada utilização conforme a finalidade do treinamento.
Palavras Chave: Treinamento de força, biomecânica, cinemática.
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