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Resumo
As restingas são complexos de vegetação que ocupam as planícies litorâneas do Brasil, ocorrendo sobre sedimentos arenosos de origem marinha. Essas áreas são ocupadas por plantas herbáceo-arbustivas, localizadas próximas às praias ou sobre as dunas até florestas com árvores altas em direção ao interior do continente. A diversidade de espécies vegetais, típicas desses locais, é grande ocupando mais de 1000 km2 na costa do estado do Rio de Janeiro. Cerca da metade dessa área encontra-se no município de São João da Barra, diferenciando das demais restingas pela ausência de dunas. As espécies se misturam entre rasteiras esparsas, moitas e vegetação mais fechada e alta à medida que se distanciam do mar. Pela diversidade, tipo de solo e ambiente mais rústico e, por ser pouco explorado e conhecido quando comparados a outros tipos de vegetação, tais como o cerrado, a caatinga e as florestas Atlântica e Amazônica, a restinga vem sendo intensamente estudada pelo grupo de pesquisadores do LAQUIBIO. Cada espécie vegetal torna-se um ambiente para a colonização de uma gama de organismos e microrganismos que podem exercer ação benéfica ou não ao seu hospedeiro. Insetos, ácaros, nematoides, bactérias, vírus, fungos fitopatogênicos, epifíticos e fungos endofíticos. Este último apresenta interesse especial por viverem em íntima relação no interior das plantas sem causar sintomas de danos, e por conviver dessa forma podem fornecer aos seus hospedeiros compostos úteis ao seu crescimento e desenvolvimento e, até mesmo à defesa contra pragas. O principal interesse do LAQUIBIO, além da preservação da biodiversidade, está na busca de compostos produzidos por fungos endofíticos com potencial biológico para a produção de moléculas ativas contra pragas urbanas e agrícolas. Dessa forma, inúmeras incursões tem sido realizadas com essa finalidade e mais de 70 espécies vegetais já foram coletadas, identificadas e utilizadas para o isolamento de fungos endofíticos. Uma coleção de fungos preservados vivos (Micoteca) foi montada com cerca de 1500 isolados fúngicos. A utilização dos mesmos, após seleção de gêneros identificados por morfologia e análise de “DNA”, é contínua e sequencial, cultivando-os em meio de cultura líquido e obtendo os compostos produzidos a serem testados. Os testes biológicos se concentram nos efeitos tóxicos agudos ou crônicos apresentados por diferentes alvos biológicos. Para isso, o LAQUIBIO realiza ensaios contra fungos fitopatogênicos em frutos na pós-colheita, testes de antibiose com fungos de ambiente, análises ecotoxicológicas com nematoides de vida livre e parasitas de plantas, com sementes e contra insetos de interesse urbano e agrícola como o mosquito da dengue, a broca da cana de açúcar e a lagarta do cartucho do milho. Os resultados iniciais evidenciam a possibilidade do uso de tais compostos como uma alternativa aos produtos químicos sintéticos, muitas vezes extremamente tóxicos, na minimização das perdas e danos ocasionados pelas pragas.
Palavras chave: fungos endofíticos, biodiversidade, controle biológico.
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