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Resumo

A Bacia de Campos, onde 85% do petróleo brasileiro é produzido, atraiu a instalação do Porto do Açu no município de São João da Barra, mais precisamente na restinga do complexo Iquipari/Açu. Atualmente, o Porto movimenta mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia, o que acarreta a necessidade de estudos antecipados de biodegradação de petroderivados e o consequente levantamento de microrganismos desta restinga que possam, eventualmente, ser utilizados para a biorremediação de áreas afetadas. Os objetivos deste trabalho foram selecionar fungos de restinga com potencial para a degradação, in vitro, de óleo diesel e aplicá-los em estudos in vivo de interação planta-óleo-fungo. Diferentes espécies de fungos foram cultivadas em meio líquido contendo sais e 2% de óleo diesel como única finte de carbono. Após dez dias de crescimento, 2 ml do meio foram pipetados para avaliação da oxidação biológica do petroderivado, adicionando-se alíquotas de 100 uL de solução a 0,05% do indicador redox DCPIP (2,6 diclorofenol-indofenol). A viragem do indicador, de azul para incolor, indicou a ocorrência de reações de degradação do óleo diesel mediada por fungos, possibilitando a seleção dos isolados promissores cultivados em meio líquido. Para avaliar a toxicidade residual no solo, foram aplicadas em porções de 300 g de areia de praia lavada e previamente esterilizada, soluções de óleo diesel a 2% e suspensões de esporos e micélio dos fungos selecionados. Após 30 dias de repouso, foram plantadas mudas de batateira-da-praia (Ipomoea pes-caprae), vulgarmente conhecida como batateira da praia, espécie da região praial de restinga, comumente utilizada na recomposição vegetal. As avaliações de crescimento e desenvolvimento das plantas foram realizadas 30 dias após o plantio. As reações positivas para o DCPIP permitiram selecionar os fungos Cladosporium sp., Fusarium sp., Talaromyces sp. e Trichoderma sp. com capacidade de utilizar o óleo diesel como única fonte de carbono, produzindo compostos menos tóxicos. As avaliações in vivo realizadas por medições do desenvolvimento, tanto da parte aérea quanto do sistema radicular das plantas, permitiram indicar a utilização desses microrganismos de restinga como uma alternativa biológica viável para a remediação em ambientes contaminados por óleo diesel.

Palavras-chave

Biorremediação. Poluentes. Áreas degradadas.

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Como Citar
Ribeiro , V. P. S. ., Hernández, G. A. F. ., Tavares, L. P. de S. ., Mussi-Dias, V., & Freire, M. das G. M. . (2020). Avaliação da degradação de óleo diesel por fungos. Biológicas ∓ aúde, 10(34), 11–12. https://doi.org/10.25242/8868103420202135